Oru am Sudá

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Oru am por Adriano Nunes

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"Oru"

 

Ouro

Ou

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Hórus

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Oru

Os

Ósculos

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Vem

De

Mauro,

Neste

Quântico a-

Braço,

Quase

Quadro.

Tintas

E

Metros

Por

Todos

Os

Lados.

 

Adriano Nunes (2016)

 

Prosa Poética Percepcionista

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Percepção. Tudo que acontece em si desconhecido. Dos Céus desce um Anjo que onçaria presença (sic) fosse possível sequer em raio, o Anônimo de que se inventa falar. De um lado, qual certeza, apelida-se a filha do Infernal Pensamento: Psicoelástica a erigir arquiteturas sagradas que apontam, tangem e prometem céu. Do outro sua irmã duvida: Psicobélica que trança imprecisos contornos de uma dança livre e encantadora eis que salta graciosa à leveza do céu, de onde sempre retorna. Ao centro, uma Luz mais ausente ainda que o próprio Anjo Anônimo o ilumina, suposta, metafórica, poética; um estender de mão - canhestro esboço - ao resgate de um Diamante de Vento, em meio às brasas que sequer com qual mais fantástica das pegas não o engasta e assim crepitam coletividades ao Céu, pitorescas pirotecnias que lembram o que ocultam e O que se revela é relva, onde pasta-se palavras.

Percepcionismo? Organizar diabolicamente conceitos concretizados em posse da Atitude Criativa. Nome. Medalha de fome. Um Homem para o inconsistente plástico dos Homens.

Sais de banho. Durante o banho que a Percepção dá no Entendimento, quando a mente é lavada e leve, levada ao encontro com o Novo, na justa dimensão da Atenção, ao que se seguem os processos de apropriação cognitiva, o Pensamento, tais quais os que se é, tem ou faz diante das coisas e acontecimentos desconhecidos e surpreendentes.

Archaeopteryx. Esta surpresa, este estado de descoberta e invenção - o objeto constituído mais ou menos puro, imantado pelo gozo da novidade - então, como em um nascimento, pertence às existências no ânimo de danças e vozes que constituem o Tempo, nomeado por Vida, até que o Pensamento, que o grafa, exceda-se numa inflorescência de corporificações cristalinas. Dinossáuricas formas que se concretizam sólidas como rochas diamantinas, em livros, museus, múmias e ninfas que desfalecem onde se esfacelam sem a Liberdade Plástica e Viva. Ruínas. Devolve-se através da Morte - solitária para os dias e morna no conforto do Sonho que a impregna de amor em suas noites sombrias – o que antecede ao Tempo em que duram. A Único, Diálogo com Deus, a Asa Criativa. Onde só a Superfície é viva.

Rosnados. A revolta e o embotamento das mentes emotivas e racionais que projetam o findar precoce em tudo que tocam. Então o Artista adentra-se ao obscuro para nos salvar do muro, da lápide, do túmulo que o olhar identificador, sensível e assassino, constrói. Corre atrás. Quer receber e dar, ser o lar do murro do Azul mais profundo. Necessita acabar com tudo, antes do fim do mundo. O último amar em próprio e impróprio desesperado culto. Vultuoso vulto. Dissolve-se na floresta de sombras e lágrimas em dilúvio. Contudo. Fica. No Escuro.

Cristalino. A tentativa da maleabilidade, ponderação, flexibilidade, consenso, avesso ao despotismo, disfarçam de sensatez a descabida ambição de liberdade. Ao contrário, no máximo do enrijecimento é que se pode quebrar a cara. A perspectiva cianótica, o sangue pisado do olhar inocente, caiçara temporariamente os socos de um incomensurável Azul Cinzento. O Humor e a Graça em momento. Significa este ficar morrível, assim Vivo, no encontro inconcebível entre Percepção e Pensamento. Uno e duo qual o Tempo. Assombrante e Translúcido. Tento.

Arte. Todo Objeto Artístico é temporário e não está no Olhar ou em Si, mas na relação em que vivem desconhecidos de algum desfecho ou conteúdo. (Um barco?) Mais ou menos dúctil ou friável e sem nem mesmo isso nos Quase eternos ou longevos, rejuvenescedores e intangíveis, Sólidos ou jeitos, que ainda úmidos do âmnio da Percepção sejam imanentes e atávicos. O Gérmen do Átimo no Cálice do Silêncio.

Oru am Sudá

 

O Segundo Livro a Bordo

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... Tudo bem! Aceito o encargo. Já está conosco há alguns dias. É um bom livro como diário de bordo. Há tinta e penas de sobra. Há tanto mar pela frente! ... Somos da tripulação! Eu e o mais que pinta. Com tempo, direi aqui por onde andamos e o que vai pintando na vastidão destes mares!

Desde que deixamos nossas terras para trás e nos aventuramos “por mares nunca d’antes navegados”, muitas ilhas e outras belezas extraordinárias já nos foram dadas ver. Acabamos de sair de uma muito linda, com sua formosa civilização. Nela, ganhamos este livro, onde passo a contar o que acontece desde que recebemos “aberto na página brilhante” aquele outro, o primeiro livro, que nos lançou ao mar.

Por hora adianto algumas possibilidades: mais que algumas “garrafas”: - chamam de “garrafa” aquele ou aquilo que chega aqui até essa nossa solidão e diz alguma coisa - têm nos avisado de uma terra grande a bombordo. Será uma terra promissora? Ainda há alguma água doce nos porões, comida e lenha… O Pensamento é mesmo um merdão pra essas coisas… ah! Contamos com ele pra guardar as coisas e dar algum recado. Freqüentemente à toa, fica jogando damas! “Se é preta, se esperou demais; se é clara, se sofreu à toa"… Besteira! É só menos um pra prestar atenção no horizonte. Pois é, o horizonte do Pensamento é mesmo do tamanho do tabuleiro de damas...

Algumas gaivotas já nos são familiares, acompanham a embarcação. Tenho sentido falta da Monalisa, conversávamos tanto! Uma vez dei um peixão pra ela e ela gostou. Passou um tempo. Sumiu! Acho que ta pros lados de São Paulo. Aninha ainda dá as caras vez em quando. E o Bruno - um atobá - não saía do convés… Roberta! A avidez mais dissimulada de uma depressão voraz... Mas a embarcação ainda sem cracas… Ave é um bicho extraordinário. Vocês devem saber, são elas o resultado da ponta de estoque dos dinossauros que, após viverem 450 milhões de anos sobre a terra, tiraram férias, e pegaram um vôo pra imensidão. Os que ficaram estão assim, aposentados, voando pra lá e pra cá. Há aves que realmente passam grande parte do ano voando e praticamente só pousam pra reproduzir - os albatrozes. - Outras também, só que abaixo d’água: os pinguins! Existe até ave vivendo sob o solo, quase cega como as toupeiras - um papagaio neozelandês.Não estranhem estes conhecimentos, antes de embarcar, eu já vivia na Terra. Não estranhe também que um avião seja assim tão mais difícil quanto a manutenção e segurança: nosso projeto tem menos de 100 mil anos - dizem mesmo que são 10 mil anos… Isso me faz lembrar em muito arte conceitual… Mas eu não estou aqui para isso!

Aqui tratamos uma rede ou uma linha de pesca com muito carinho. Elas também recebem nomes. Tudo bem. Depois eu conto.

 

 

 

 

 

 


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