Oru am Sudá by Vito
“I started painting at the same age as you: when I was five years old in school. Maybe the difference between us is just that I didn't stop." - Oru am Sudá
Oru am Sudá's approach puts the values of Artistic Painting in check, relating paintings among each other in an unconventional way.
"I've been using graphite, charcoal, pigments, paints, metals, minerals, and resins - predominantly acrylics - on surfaces. But I really only took up Artistic Painting in 1997 at the age of 33 with my first exhibition: TEMPERO DO MAR (SEA SPICE). At that time, I was studying biology, making music, gardens, paintings, in the presence of children and Life.
I see Art as emerging from the Infinite, like birds in the unmeasured space of an empty gaze. However, if captured in the cage of knowledge - especially the more scholastic and pedantic knowledge -, all Art, however well treated, loses its vitality and melody. Technical capacities nor ideas, therefore, are valid as a condition to create: They only serve, like the fruit on the trees for the visiting birds of unpredictable beauties.
I embark with a certain innocence towards experimentation, where I discover things I didn't know and then try to name them.
For me, I have not worked in "periods", rather I have develop several lines of work concurrently. These lines appear and reappear, and sometimes cross each other. Thus, in addition to creating individual paintings - or originary works - I put them into relations, or into Visual Units, where I use previous paintings of my own or even of other authors' (always originary works). Visual Units are partial and temporary: They can be separated as Elements, which can take on new meaning at a different time or juxtaposed in relation to some other Element.
All Elements have the potential of belonging to other Visual Units, which nonetheless keep the physical integrity of their Elements. I never interfere with the works of others which I use as Elements, except for restoration purposes. However, when resusing my own works, I fragment and paint over them to use as Elements, even when these have been previously shown publically. With this approach, I treat paintings as raw material or Elements for Painting itself.
Juxtaposing Elements, originating from my own past as well as other author's, together with the new concept of authorship and temporal production (or "date", of the painting), unify the segments into a non-segmented Visual Unit, where artistic periods, time, and authorship gain new and unconventional meanings."
- Vito
Orgânica Indexa - Um novo conceito
"A abordagem de Oru am Sudá coloca em cheque os valores da Pintura Artística, relacionando as pinturas entre elas de maneira não convencional."
“Comecei a pintar com a mesma idade que você: aos cinco anos, na escola infantil. Talvez a diferença entre nós seja que eu simplesmente não parei.
Uso grafite, carvão, pigmentos, tintas, metais, minerais e resinas - predominantemente acrílicas – sobre as superfícies. Mas assumi realmente como Pintura Artística apenas em 1997, aos 33 anos, com minha primeira exposição: TEMPERO DO MAR. Então, eu estava estudando Biologia, fazendo música, jardins, pinturas, ao lado de crianças e da Vida.
Vejo pinturas emergindo do Infinito como pássaros no espaço desmedido de um olhar vazio. No entanto, se capturadas na gaiola do entendimento, as pinturas, embora bem tratadas, perdem seu viço e sua melodia. Qualquer domínio técnico ou idéia, portanto, não são válidos como condição: Apenas atendem, como os frutos que ficam nos pés, às visitas-pássaros dessas belezas imprevisíveis.
Parece-me que desenvolvo várias linhas de trabalho simultaneamente. Não fases. Tais linhas reaparecem e algumas vezes se relacionam. Assim, além de criar pinturas - trabalhos a que chamo de originais ou iniciais - as relaciono em Unidades Visuais, onde às vezes também uso as de outros autores (sempre obras originais). A entender que tais Unidades Visuais são temporárias e podem ser desmembradas e que suas pinturas podem vir a pertencer a outras Unidades Visuais, mantendo sempre a integridade física de cada pintura. Eu nunca toquei no trabalho de outros, exceto para fins de restauração. No entanto, em relação aos meus próprios trabalhos, percebo que até a fragmentação e a sobrepintura já aconteceram, mesmo após a apresentação de alguns desses trabalhos em exposição. Com essa abordagem, vejo que trato as pinturas como matéria-prima da própria Pintura. Desenvolvo também novas pinturas articuladas às originais - incluindo a de outros autores. - Essas, entre outras atitudes, parecem apontar para uma tendência de unificar os trabalhos em uma Obra não segmentada, onde fases, tempo e autoria possivelmente adquirem novos significados.
Por isso, criei alguns termos para tentar definir esses processos: Pinacofagia e Pinacossomia, para Unidades Visuais em que uma ou mais pinturas originais são temporariamente usadas como elemento na composição com novas pinturas. Ideogramáticas, chamei as pinturas múltiplas (compostas de duas ou mais partes), nas quais cada parte funciona como uma espécie de ideograma que pode ser relacionados entre si e constituirem frases temporárias ou "logias". Alguns dípticos, no entanto, eu criei atectônicos e os articulei entre os diversos lados de cada e os chamei de Engenhópticos. Aquelas U.V. onde parcial e temporariamente há o eclipsar de um trabalho sob um outros, chamei de Eclípticos. Mas esse conjunto de abordagens - cada uma com trabalhos diferentes - também acaba sendo misturadas entre si, formando Unidades Pinacohíbridas...
Nesta dança entre as pinturas, houve um trabalho que marcou um novo conceito para mim: Organica Indexa. Em outras palavras: as pinturas indexam valores temporários e relativos entre si de maneira semelhante ao que ocorre no universo orgânico - vivo ou inanimado, - qual com as espécies e substâncias em suas ecologias e evolução. No entanto, é importante dizer que esses conceitos nasceram da minha abordagem e não o contrário. Não começo com conceitos para a abordagem, sempre o inverso. São processos criativos e, portanto, não validam abordagens conceituais.”
- Oru am Sudá
Oru am por Angela Ancora da Luz
" (... ) Sem escolas, sem academias, sem mestre, Oru am iniciou um caminho solitário onde sua arte o instruía e sua mão se adestrava no ato de fazer cada vez mais. É a partir daí que começa a desenvolver suas próprias técnicas, a pesquisar a química das cores, a se orientar pelas regras de restauração, que também realiza de modo empírico.
Ainda de forma não intencional, inicia um processo de parcerias. Recebe a encomenda de emoldurar um quadro, criando um tal arremate, que dialogasse com a obra. Esta moldura e o próprio passe-partout, tornam-se, então, novos suportes, abdicando de sua condição última de dar acabamento, para subverter, assim, a antiga ordem, o que, até certo ponto, possui um acento moderno. Neste sentido minha afirmação se aproxima da modernidade como entende Habermas, em seu discurso, Modernidade um projeto inacabado, ou seja, do que se desprende de todos os laços históricos, conservando no todo apenas a oposição abstrata à tradição, à história.
Não se pode afirmar que Oru am interfira na obra do artista que lhe propõe o diálogo. Muitos de seus interlocutores são anônimos, outros tantos, absolutamente desconhecidos para ele. De modo igual, Oru am estabelece o mesmo procedimento em relação ao original. A obra inicial continua autônoma, autárquica; podendo se desabrigar da moldura e do passe-partout no momento desejado por seu proprietário. Contudo, no instante em que se acoplam, inevitavelmente passam a constituir uma unidade visual.
Quando pensamos nas pinturas rupestres, onde eram registrados os animais desejados para a sobrevivência humana, nos deparamos, também com mágicas composições entre artistas que, muitas vezes, estavam mais de cem ou duzentos anos no tempo linear, mas juntos encontravam o tempo imutável, numa parceria artística que os associava perenemente. Também quando refletimos sobre a produção artística no interior dos ateliês de grandes pintores dos séculos XVI e XVII, observamos que um determinado fundo pintado numa grande tela, por exemplo, é atribuído a um artista que ajudou e aprendeu com o mestre que assinou a obra. O que de novo existe em Oru am é, inicialmente, a intencionalidade de criar com o objetivo pré-fixado de ser um com o outro, mantendo ambos, entretanto suas próprias características, por outro lado, quando ele mesmo realiza a obra, também estabelece uma relação dialógica com suas “molduras”, que se tornam extensões da tela, numa topografia nova que anula o caráter limitador daquele meio para se tornar pintura. Talvez resida aí o seu viés de modernidade.
Em sua obra, a temática dos Reinos animal e vegetal surpreende pela força e testifica o olhar do biólogo e do naturalista. O exercício da pintura codifica as cores tropicais e transforma em significantes os elementos que já constituem seu imaginário: peixes, tartarugas, orquídeas etc.
Tanto na relação anônima, quando a obra de outro é trazida à sua observação, quanto na sua própria criação, quando partes da natureza se revelam em seu esplendor e exatidão. Oru am imprime suas digitais pictóricas numa caligrafia que o isola e identifica. No mais, o abandono da lógica quando remete à técnica, predominantemente pintura acrílica, é apenas um detalhe que reforça seu autodidatismo e intuicionismo. Interessa o que se apresenta ao ato de fruição: a obra de Oru am."
Angela Ancora da Luz
Historiadora de Arte
Oru am por João Gilberto Prado Pereira
“Querido e grande Artista Plástico Oru am Sudá. Um Gênio. Querido Oru. Carinho. João”.
"Oru é Musical. João"
Oru am por Joãosinho Trinta
“Criatividade e técnica, sensibilidade e desprendimento, o novo e o velho. Tudo está junto na arte de Oru am”.
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